A minha escola em Malpica
Foi assim a minha infância
Onde tudo estava ausente
Falando disto, com tolerância
Eu sinto no meu presente
Em Malpica, estavam duas crianças
Numa casa velhinha a morar
Mesmo havendo diferenças
A nós, não nos deviam culpar
Umas vezes era eu a acordar
Outra era Isabel Cacheira que fazia
De manhã alguns dias nos ia chamar
Sempre agradeci esse gesto de simpatia
Pareciam ser cenas de ficção
Sendo sim, uma cruel realidade
O que digo é com convicção
Por tudo ser a pura verdade
Houve factos acontecidos
De um me lembro em primeiro
A minha avó dizia a conhecidos
Que eu lhe havia furtado dinheiro
Com arrogância à escola se deslocou
Levando uma vara a pensar na solução
Me queria bater, mas não me tocou
Foi mais forte, a força da razão,
A verdade é sempre transparente
Foi assim, que tudo se alterou
O que imaginava ser atraente
Para a sua querida neta sobrou
Quando verificou ser outra a conclusão
E viu quem tinha tirado o dinheiro
Com a sua neta teve muita explosão
Confundida, não sabia o que fazer primeiro
Também outro dia ela me acusou
De um frasco de mel ter comido
E por capricho o meu nome usou
Mais um erro ter sido eu o escolhido
Tudo, tudo foi ultrapassado
E sempre, a minha inocência
Tão claro ficou demonstrado
E sempre com muita clarividência
O meu irmão foi para Lisboa
E lá a vida começou a enfrentar
Não devia de ser coisa boa
Outro objetivo teve de encontrar
M.Pires